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Síndrome do X frágil


Alterações nos genes ou cromossomos dão origem a condições raras como a síndrome do X

frágil. Tanto homens quanto mulheres podem ser portadores dessa síndrome, mas a

prevalência é maior no sexo masculino. Além disso, os meninos têm um comprometimento

mais severo da capacidade intelectual, entre outros impactos.

As mulheres portadoras da síndrome do X frágil não são gravemente prejudicadas. Entretanto, mesmo sem a mutação completa do gene (em pré-mutação) lidam com dois riscos: transmitir o gene alterado para os filhos e ficar infértil por falência ovariana prematura (FOP). Como não se trata de uma condição sintomática, a mulher pode desconhecer sua alteração e chegar ao diagnóstico da síndrome apenas quando decidir investigar seus fatores de infertilidade.

A reprodução assistida atua com diversas técnicas que auxiliam tanto na superação da

infertilidade feminina quanto no rastreio das alterações genéticas dos embriões, sendo de

grande importância para mulheres com síndrome do X frágil. Já os meninos afetados por essa

condição podem necessitar de um acompanhamento multidisciplinar desde a infância, com a

finalidade de amenizar os sintomas comportamentais e psiquiátricos.


O que causa a síndrome do X frágil?


Uma mutação no gene FMR1 — Fragile X Mental Retardation 1 —, presente no cromossomo X,

é apontada como a causa da síndrome do X frágil. A mutação está associada ao aumento

desordenado de repetições dos nucleotídeos citosina-guanina-guanina (CGG), alterando a

codificação da proteína FMRP, que participa das conexões cerebrais.

Em pessoas normais, ocorrem até 54 repetições do segmento CGG. Indivíduos com pré-

mutação apresentam entre 55 e 200 repetições, ainda sem impactos intelectuais. A mutação

completa do gene acontece nos casos com mais de 200 repetições do bloco CGG, ocasionando uma série de efeitos adversos nas funções mentais do portador.


A síndrome do X frágil é uma anomalia genética de caráter dominante. Homens com o gene

alterado transmitem somente para filhas mulheres, mas se a mãe for portadora de mutação

completa ou pré-mutação há risco de transmissão para os dois sexos. Em embriões

masculinos, ocorre um número maior de repetições CGG, aumentando as chances de que a

criança desenvolva problemas intelectuais.


A síndrome do X frágil tem sintomas ou características

específicas?


Como dissemos, os impactos da síndrome do X frágil são mais severos no sexo masculino. As

mulheres têm a vantagem da compensação genética, uma vez que possuem dois


  • cromossomos X. Assim, a fragilização de um deles não interfere totalmente na codificação da

  • proteína FMRP.

  • Meninos com a síndrome do X frágil podem apresentar alterações de ordem intelectual,

  • comportamental, psicomotora e emocional. Não raro, o quadro é inicialmente confundido com

  • transtornos do espectro autista, devido a manifestações como:

  •  atraso na fala;

  •  atraso no desenvolvimento motor;

  •  dificuldades intelectuais que vão desde problemas de aprendizagem leves até

  • deficiência mental grave;

  •  hiperatividade;

  •  agressividade;

  •  descontrole emocional e comportamental;

  •  ansiedade;

  •  estereotipias;

  •  timidez e dificuldade de interação social;

  •  contato visual pobre.

  • Além disso, algumas características físicas e repercussões gerais na saúde do portador são

  • comuns na síndrome do X frágil, incluindo:

  •  face alongada;

  •  prominauris (orelhas de abano);

  •  estrabismo;

  •  macrocefalia;

  •  macro-orquidia;

  •  baixo tônus muscular;

  •  otite crônica;

  •  problemas cardíacos;

  •  convulsões.

Como a síndrome do X frágil é diagnosticada?


Em crianças com indícios da síndrome do X frágil, o diagnóstico é feito a partir da análise do

DNA, realizada por meio de amostras de sangue. Podem ainda ser solicitados os testes PCR

(reação em cadeia da polimerase) e Southern blot, que avalia as repetições do segmento CGG.

A anamnese também é importante para identificar sinais físicos e comportamentais da

síndrome, além de averiguar o histórico familiar.

Na mulher infértil, além da análise do DNA para identificar a alteração genética, é realizada a

avaliação da reserva ovariana para verificar se há falência prematura dos ovários. Se houver

um risco acentuado de esgotamento da reserva, a paciente pode preservar sua fertilidade como congelamento de óvulos.


Quais são as possibilidades de tratamento para síndrome do

X frágil?


Não existe uma forma de reverter síndromes genéticas, mas há opções de tratamento que

visam a redução das dificuldades enfrentadas no dia a dia. Para indivíduos com síndrome do X frágil, o acompanhamento multidisciplinar desde a infância tende a minimizar os impactos

emocionais e funcionais na vida do portador. Entre os profissionais indicados estão: pediatra,

psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra, fisioterapeuta e educadores.


Para mulheres inférteis devido à síndrome do X frágil, a reprodução assistida apresenta

possibilidades como o congelamento de óvulos antes do esgotamento completo da reserva

ovariana. Quando a paciente decidir engravidar, os óvulos são descongelados e dão origem a embriões por meio da fertilização in vitro (FIV).


Devido ao risco aumentado de transmitir o gene alterado para os filhos, a paciente pode ainda realizar o teste genético pré-implantacional (PGT), outra importante técnica de apoio nos programas de FIV. O PGT é aplicado para o rastreio de anormalidades nos genes e

cromossomos dos embriões. Assim, somente os mais saudáveis são selecionados e

transferidos para o útero da paciente.

Por fim, quando a portadora da síndrome do X frágil não intervém a tempo para congelar seus gametas, é possível recorrer à FIV com doação de óvulos para viver a experiência de uma gestação.

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